A DOR DA VIOLÊNCIA NO SEIO DA FAMÍLIA E NA SOCIEDADE
Nestas linhas, no dia de hoje, atrevo-me a escrever mais
algumas palavras com o intuito de provocar mudanças nas pessoas e no mundo
referente a segurança pública no Brasil.
No dia 22/05/13 estávamos em audiência pública na cidade de
Contagem/MG, onde temos um exemplo de Guarda Municipal, mas o sistema ainda não
a deixou servir o povo da forma que pode ajudar.
Quando cheguei a São Paulo, um dia depois, me surpreendo com
várias notícias ruins pela TV, mas uma me tocou profundamente, de forma que não
poderia deixar de aqui expor minha dor.
Enquanto atualizava o site guardasmunicipais.com.br, meu
telefone toca e me avisa que meu irmão que estava indo para o trabalho, parou
em um bar, compra cigarros e neste ato, o proprietário do comercio é vítima de
um roubo a mão armada, resumindo a história, o ladrão, de forma covarde,
dispara dois tiros no rosto de meu irmão.
Este fato foi noticias em todos os canais na mídia,
inclusive no programa Cidade Alerta.
A dor que sinto é imensa, já perdi três filhos assassinados
para a violência e agora mais um irmão, todos assassinados violentamente de
forma brutal, desumana e covarde. Mas o que mais me preocupa é a dor dos pais,
da esposa, dos irmãos e irmãs, dos filhos e dos amigos.
A dor de um pai e uma mãe é a sensação de perda que se tem
por ter investido tanto amor, tanto carinho, tantos recursos e muito tempo em
alguém que amara muito, depois, olhar para trás e notar que ficou sem herança,
esta dor que dá a sensação de ter vivido tanto para nada, uma vez que não
deixará ninguém para dar continuidade na sua descendência. Dói demais!
A dor que a esposa sente é parecida com o corte de um membro
do nosso corpo, pois o amor que se constrói durante o passar dos anos é como se
esta pessoa fosse parte da gente, ela impregna na pele, na mente e até o ar que
ela respira divide conosco, aí, do nada alguém vem e poda este ar e este amor,
nos obrigando a morrer sufocado. Dói demais!
A dor dos irmãos e irmãs é uma retrospectiva dolorida da
mente, pois a gente revive e todo instante a lembrança da infância, das
brincadeiras, do amor, do convívio familiar constante. É como uma engrenagem
formada por vários dentes que só funciona bem se todos estiverem inteiros,
juntos, unidos trabalhando para evolução da vida, mas imagine que esta
engrenagem é feita de carne, osso e muito amor, mas por um momento violento foi
destruída. Dói demais!
A dor dos filhos e filhas? Esta sim dói à vida toda, sempre
vem à lembrança, descobrindo as feridas e deixando as descobertas, em carne
viva. Como filho, perde-se a referência do mundo, das coisas boas, como
prosseguir agora sozinho? Se quem me dirigia foi se. É como se fossemos viajar
para um lugar bem distante, muito longe mesmo, entravamos no avião, sentávamos
de forma bem confortável, mas na hora de decolar, o piloto sumira, só porque
alguém, extremamente violento e insensato não pensou que um pai é primordial
para a vida. Dói demais!
Por ultimo vem a dor dos amigos, ah! Como é difícil
conquistar a confiança de alguém, como é difícil, quase impossível confiar em
alguém, quando se consegue este feito, aí sim temos um amigo. Um amigo é quase
um irmão, às vezes até mais que um irmão, depende das confidências trocadas, um
amigo, muitas vezes demora uma vida toda para se ter, aí chega a violência e
lhe tira a vida, neste ato levou duas vidas, a do amigo e a da gente. Dói
demais!
Diante deste fato, faço um apelo a Presidente Dilma, ao
Ministro da Justiça Eduardo Cardoso, a Secretária da SENASP, Dra Regina Miki,
Aos parlamentares do Congresso Nacional, aos prefeitos e vereadores de todo os
pais e a mídia em geral;
Reflitam sobre esta dor da violência, vejam que a cada
momento que passa a criminalidade se estende por demais, as policias necessitam
de reestruturação urgentemente e temos aí as Guardas Municipais que devem
receber atenção especial, uma vez que a sociedade já aprovou esta policia
municipal.
Deixemos as vaidades políticas, interesseiras e
corporativistas de lado e vamos salvar a nossa sociedade, sei que tem jeito,
basta querer, antes que a violência também bata em sua porta.
Por NAVAL